segunda-feira, 6 de outubro de 2008

DIAGNÓSTICOS DE SETEMBRO


Dois encontros abertos, neste mês de setembro, deram as linhas principais para nossa apresentação do PENSAR DESIGN, na semana de 3 a 9 de novembro.
A primeira conversa, em 23/9, no prédio da Prefeitura, no centro de São Paulo, foi momento de um diagnóstico. Por que pontos começaríamos a PENSAR DESIGN neste evento, que reúne as escolas e profissionais brilhantes de toda São Paulo?
Na mesma reunião, e na seguinte, no MUBE - Museu Brasileiro da Escultura, dia 30/9, abrimos três dimensões para nosso PENSAR: global, coletiva (das cidades) e íntima. Um paralelo de nosso KM-M-MM, símbolo da Semana de Design.
As três dimensões estão detalhadas numa postagem abaixo ("Temas de Pesquisa"), com seus respectivos subtemas.
Sem entrar já em detalhes, considero que há uma dor importante a tratarmos em cada um destes três planos, e que, em todos eles, o tratamento passa pela valorização do design. Tenho insistido nisto como resposta clínica - palavra de psicanalista.

PALAVRA DE PSICANALISTA

Confesso acreditar que a crise financeira americana - que ganha o mundo nestes dias - tem uma boa resposta pelo design. O chamado "capitalismo global" só terá uma alternativa para não repetir bolhas de especulação se houver uma apreensão do design - e no próprio campo financeiro, não se conhece esta saída. O público, em contato com o design, pode ensinar os financistas.
A condição sem-saída da estrutura financeira atual está bem descrita na Newsweek de 6 de outubro: A New Age of Global Capitalism Starts Now (Uma Nova Era do Capitalismo Global Começa Agora). No final do artigo, vemos como o sistema financeiro fica condenado a ciclos de crise como a atual, com ou sem regulamentação - a isto, poderíamos acrescentar: está condenado se não reconhecermos que ele interage com outros campos sociais (como o design, em especial).
Considero também que fenômenos da psique contemporânea como crises de pânico, depressão, hiperatividade, obesidade e anorexia, bulimia, compulsões e apatias, são todos acessados pelo design, e somente pelo design. Há uma clínica do design para se fazer nos dias de hoje, única com efetivos resultados, que tem por saída uma ética de vida criativa.
Vejo, ainda, que não haverá retorno para a educação. Ela tornou-se uma fórmula insuportável para os jovens de cultura global, a não ser que ela caminhe no sentido do trabalho sobre o mundo - o design. Vemos as experiências neste sentido darem encantadoramente certo, porque engajam os alunos. Na adolescência, trata-se de antecipar o contato com o mundo adulto, pedindo dos jovens novas visões. 
No outro extremo da educação, temos um novo lastro para a vida profissional e o trabalho: toda ação profissional tem desdobramento em design e, nas ações em que este desdobramento não se encontra, vemos uma defasagem ética e uma crise de satisfação das pessoas.
Enfim, para a questão ecológica, insisto novamente na resposta pelo design: em longo prazo, a única ação viável para não transformarmos o planeta em lixo está no início da cadeia produtiva e, melhor dizer, da cadeia criativa. O problema, como dizem McDonough e Braungart (Cradle to Cradle), tem sido falta de imaginação. Tudo precisará renovação. Tudo permite uma versão sustentável, nutritiva, viável à subsistência, ou até mais, que enriqueça ecologicamente o planeta. Basta pensarmos... design.
Parece uma posição radical - ter resposta única em tantos planos - mas não é.
Posso defender que a resposta pelo design é invariavelmente aberta: filosoficamente, clinicamente, socialmente, eticamente, politicamente, culturalmente, pedagogicamente, em qualquer "mente" que nos interesse.
No PENSAR DESIGN, espero que façamos esta defesa sem argumentação, apenas com convites e a exposição de fenômenos e reflexões bastante contemporâneos. A presença de especialistas das diversas áreas - educação, economia e administração, filosofia, psicologia, sociologia e política, química, engenharia, tecnologia - mostra caminhos em que a resposta está no design.
Uma resposta freudiana.


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